Acção na AR e na rua <br>pelo controlo público dos CTT
CORREIOS Hoje é discutido um projecto de lei do PCP que estabelece o regime de recuperação do controlo público dos CTT. Para amanhã está agendada greve dos trabalhadores da empresa e manifestação nacional, em Lisboa.
Travar e inverter o caminho de degradação e desmantelamento
«É um imperativo nacional, de soberania, coesão territorial e justiça social, que se inicie o processo de recuperação do controlo e gestão do serviço postal universal por parte do Estado, através da reversão da privatização dos CTT – Correios de Portugal», reafirma o PCP.
No projecto de lei, o Partido refere que as medidas anunciadas no final de 2017 pela administração da empresa – destruição de mais 800 postos de trabalho na área operacional e a venda de mais património e o encerramento de mais estações – «constituíram um pacote destinado a garantir a distribuição de chorudos dividendos aos seus accionistas», consequência «de uma privatização verdadeiramente criminosa», concretizada pelo anterior governo PSD/CDS.
«Essa privatização não foi um acto – foi um processo, deliberadamente preparado e trabalhado durante mais de duas décadas», acusam os comunistas, alertando para o «despedimento encapotado de outros 340 trabalhadores» e para o facto de a empresa ter distribuído, desde 2014, «em dividendos aos accionistas mais de 240 milhões de euros».
«Nos anos de 2014, 2015 e 2016 distribuíram a totalidade dos resultados líquidos, obtidos no ano anterior, retirando apenas a reserva legal contabilística mínima. Já o resultado líquido em 2016 foi de 62 milhões de euros, mas a administração propôs e a Assembleia Geral aprovou um total de 72 milhões em dividendos. Mais 10 milhões do que o resultado líquido», denuncia o PCP, adiantando: «Por cada cem euros de lucro, a empresa distribui 133 euros em dividendos aos accionistas».
Todos para Lisboa
Entretanto, amanhã em Lisboa, são esperadas milhares de pessoas na manifestação nacional convocada pelos sindicatos SNTCT, Sindetelco, SINTTAV e Sincor e pela Comissão de Trabalhadores (CT) dos CTT.
O protesto, entre o Marquês de Pombal e o residência-oficial do primeiro-ministro, tem início às 14h30. Para o mesmo dia está agendada uma greve nacional contra a redução de pessoal e o encerramento de postos de atendimento.
Segunda-feira, em conferência de imprensa, Vítor Narciso, do SNTCT, manifestou confiança numa «boa adesão» à greve e à manifestação. Razões para participar não faltam. «Até agora já fecharam 16 e estão na lista uma série de estações em Lisboa, Coimbra, Porto e, até, capitais de concelho, como Sátão. Eram 22 e serão 40», adiantou, prevendo que «a curto prazo possam ser 60 estações». Também a redução de trabalhadores deverá ser superior ao anunciado (1400 em vez dos 800 anunciados).